Historial da Esquadra de Polícia Aérea da BA11

05-01-2010 15:10

 Após ter sido publicado o Historial da BA nº 6 na vossa página, achei que também podiam publicar o da BA nº 11, razão que me levou a solicitar à EPA, o que tinham sobre a Esquadra.

Assim, agradeço ao CAP/PA Filipe o envio deste Historial

Henrique Dias Grossinho

TCOR/PA

 

 

Historial da Esquadra de Polícia Aérea

Da Base Aérea Nº 11          

A Esquadra de Polícia Aérea da BA11 tem uma tradição histórica que, curiosamente, ultrapassa a da própria Base.

Assim no início da construção desta Base, em meados de 1964, já havia notícia da existência de um serviço então denominado de "Guarnição e Vigilância".

Esta missão era, na altura assegurada por pessoal PA vindo em regime de destacamento da BA6, Montijo.

Esta força era constituída em regra por um Oficial, um Sargento, um Cabo e vinte Soldados.

O Armamento resumia-se então apenas às pistolas Walther e às espingardas MAUSER.

Não possuíam comunicações e pernoitavam em tendas e atrelados.

Para transporte dispunham apenas de um Jeep e de algumas bicicletas.

Quando a Base Aérea N°11 foi formalmente activada a 16 de Agosto de 1967, foi igualmente constituída uma Esquadrilha de Polícia e de Defesa Próxima (EPDP) cujo Comando foi entregue ao Alferes Miliciano de Polícia Aérea, José Manuel E. S. Guerreiro de Matos, vindo da BA3.

Umas vezes, como Esquadrilha dependente da Esquadra de Pessoal, outras vezes, como Esquadrilha e já depois, como Esquadra independente, a EPDP sempre garantiu a segurança e defesa da BA11, mesmo em alturas de convulsões sociais que assolaram a região alentejana e as Forças Armadas durante os anos de 1974-1977.

Em 1978, simultaneamente com a entrada em vigor do RFA 305-1 que reestruturou a organização das Bases Aéreas, e com a criação do Corpo de Polícia Aérea, a EPDP passou a designar-se como Esquadra de Polícia Aérea.

Progressivamente, passou a ser dotada de comunicações, armamento pesado, veículos todo-o-terreno e blindados e ainda de um Centro Coordenador de Defesa Terrestre.

A Segurança e a Defesa da Unidade passaram, deste modo a ser desempenhadas de uma forma mais racional e consequentemente, mais eficaz.

Em 1986, aprovada pela Comissão de Heráldica da Força Aérea foi criada a Flâmula da Esquadra tendo por base o Brasão de Armas de Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador, figura heróica de Beja nos tempos da Fundação da Nacionalidade.

Desde então este símbolo passou a desempenhar uma função de reforço do Espírito de Corpo do pessoal PA desta base. Exactamente por esta razão, o lema da Esquadra de Polícia Aérea da BA11 continua a ser:

 “POR UM SE CONHECEM TODOS”

 do Latim: “Ab Uno Disce Omnes”

MISSÃO

         Garantir a segurança e defesa dos meios humanos, sistemas de armas, equipamentos e infra-estruturas da Base Aérea n.º 11 com vista a assegurar a sua integral capacidade operacional.

 O Primeiro Centro Coordenador de Defesa Terrestre experimental ocorreu na BA11 e data de 07 de Fevereiro de 1982 em conformidade com publicação em Ordem de Serviço.

DESCRIÇÃO HERÁLDICO DA FLÂMULA DA EPA

 A Águia é retirada das armas de Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador cuja bravura e espírito de sacrifício o distinguiram na defesa de BEJA.

        Num fundo de prata, inscreve-se no campo dextro, junto à haste, uma Águia de cor negra, bicada, lampassada e membrada de ouro, armada de negro.

        À sinistra inscreve-se em letras a divisa da Esquadra de Polícia Aérea:

«AB UNO DISCES OMNES»

«POR UM SE CONHECEM TODOS»

 

  Simbologia dos esmaltes:

 PRATA: Humildade e riqueza do trabalho desenvolvido;

NEGRO: Fineza no cumprimento da missão;

OURO: Força, constância e lealdade

 

COMANDANTES DA E.P.A. DA BA11 

CAP/PA – JOAQUIM MENDES LOPES

                08SET1980 a 24OUT1983 e 19SET1984 a 14MAI1985

                N: 20/01/1929 – F: 01/01/1996

TEN/PA – HENRIQUE AUGUSTO DIAS GROSSINHO

                24OUT1983 a 19SET1984 e 14MAI1985 a 12AGO1986

                N: 18/10/1957

MAJ/PA – JOSÉ ANTÓNIO DOS REIS MENDONÇA

                12AGO1986 a 29AGO1996

                N: 24/02/1958

CAP/PA – ÉLIO JOSÉ DA SILVA SANTOS

                FEV1992 a ABR1992

                N: 26/09/1956

CAP/PA – CRISTOVÃO GOMES VELIÇA

                FEV1995 A JUN1996

                N: 28/01/1962

MAJ/PA – JOÃO NUNES SANCHES

                29AGO1996 a 17JAN1997

                N: 10/07/1954

MAJ/PA – JOSÉ MANUEL REGALA CATALÃO

                17JAN1997 a 19MAR1998

                N: 25/03/1955

MAJ/PA – JOAQUIM MARIA LEITÃO DOS SANTOS

                19MAR1998 a 07MAI2003

                N: 09/01/1954

MAJ/PA – ANTÓNIO FRANCISCO CABACEIRA DA RITA

                07MAI2003 a 22SET2006

                N: 04/04/1960

MAJ/PA – JOÃO LUIS NUNES PEREIRA

                22SET2006 a

                    N: 07/12/1956

 

Pesquisa e Compilação efectuadas pelo (COR) MAJ/PA Reis Mendonça, CAP/PA Filipe e SAJ/PA Correia.

 

 Após ter sido publicado o Historial da BA nº 6 na vossa página, achei que também podiam publicar o da BA nº 11, razão que me levou a solicitar à EPA, o que tinham sobre a Esquadra.

Assim, agradeço ao CAP/PA Filipe o envio deste Historial

 

Quero todavia acrescentar que no tempo do CAP/PA Lopes existia um distintivo da Esquadra e que se manteve até ao tempo do TEN/PA Mendonça que, naturalmente, não estava aprovado pela heráldica da Força Aérea, ostentando a divisa “OS NOTÍVAGOS”:

 Já na vigência do Comando do (COR) TEN/PA Mendonça, foi elaborado um novo distintivo para a EPA, a águia das armas de Gonçalo Mendes da Maia, toda de Negro, que vigorou durante algum tempo e que se pode ver abaixo:

 

 Como o distintivo tinha de ter esmaltes sem sobreposição para ser aprovado pela Comissão de Heráldica, voltou a ser modificado dando origem ao actual e que está integrado na Flâmula da Esquadra.

 

Curiosidades:

- Inicialmente a EPA estava sedeada logo à Entrada da Porta de Armas, no lado direito de quem entra.

Entrada da Base

- Até à chegada da Esquadra 303, transferida da BA 5 em 1987, a EPA era a Subunidade com maior efectivo, o restante pessoal era apenas o suficiente para manter o Apoio e a “soberania”. 

 - Não existiam Grupos.

- Existiam Esquadras que dependiam directamente do Comando da Base.

- Por exemplo, os Oficiais PA eram entre 20% e 25% do efectivo de Oficiais, que no total eram cerca de 25.

- As escoltas ao armamento da Força Aérea Alemã, entre Setúbal e a BA 11, eram efectuadas pelos PA da Base.

- A Base tinha uma estrada periférica interior com uma extensão de 14 Km, a qual era percorrida várias vezes ao dia, pelas rondas móveis da PA.

- Em 1985/1986 Uma Praça PA que estava a frequentar o ensino secundário em Beja, fez uma Banda Desenhada para a disciplina de Inglês, onde havia um interveniente PA, “O Baltazar”. O pessoal da EPA da gostou tanto da figura que a mesma foi desenhada e pintada no Bar da Esquadra, por ordem do Comandante de Esquadra. O TEN/PA Mendonça depois de assumir o Comando da EPA, em 1986, adoptou o Baltazar como mascote da Esquadra.

    BALTAZAR

 

Seguem-se algumas fotografias de cerimónias efectuadas na Base.

 Alas na Porta de Armas (Junto da antiga EPA)

 

 Henrique Grossinho

 TCOR/PA

 

Contributo Pessoal para a História da Polícia Aérea

 na Base Aérea Nº 11

Por: José Manuel Marques dos Santos Costa

 Os homens da "Boina Azul", são efectivamente anteriores à formação da própria Base, mas há outros antecedentes, que esclareço:

Em 1965, sai da Base do Montijo para a de Beja um Pelotão PA (30 soldados e cabos, 3 furriéis e um sargento), dependente do EMFA (despachava periodicamente com o Vice), com a missão de controlo de pessoas e viaturas, segurança do perímetro da base, manutenção da ordem interna e guardas de honra, sob o meu comando, Alf Mil PA, vindo como voluntário da BA4.

Na época, em Beja, só existia um capitão das Infra-estruturas, as pistas estavam em construção (tinha uma pequena pista) e começavam a construir-se os alicerces dos hangares. Havia, sobretudo, grande movimento de camiões e algumas, poucas, casas onde trabalhavam engenheiros das "Infras" e onde estava também o refeitório do pelotão. Ficámos, os militares e o cmdt PA, instalados, num pré-fabricado, onde, iniciámos o hastear diário da Bandeira Nacional.

No inicio as rondas foram efectuadas a pé, sendo posteriormente a atribuído ao pelotão um Jeep e um condutor, o que permitiu dar a conhecer à cidade de Beja a "Boina Azul", por ali também fazermos rondas. Armamento atribuído: pistolas-metralhadoras FBP e pistolas Walther 9mm.

Fardamento: fato PK8

Até à nossa chegada o controlo de entradas era inexistente apesar de haver uns vigilantes civis que não eram respeitados, sobretudo pelos camionistas e que viram com grande entusiasmo a nossa chegada!

Com a nossa acção, usando meios muito limitados, não havia rádios nem as tais bicicletas, conseguimos fazer respeitar limites de velocidade (com meios expeditos), controlar as entradas de veículos e pessoas, manter a ordem e a segurança no transporte de trabalhadores.

À entrada da Base havia um Posto de Controlo com comando de cabo (anexo uma foto) que funcionava 24H, além de rondas apeadas, conseguidas com o reduzido número de dispensas no fim-de-semana.

 

 

Depois da alvorada e do içar da Bandeira, com o Pelotão formado, havia sempre uma sessão de GAM (é linda!) que frequentemente os nossos vizinhos civis aplaudiam...

Ao fim do dia a equipa PA de voleibol jogava contra os engenheiros das Infra-estruturas e a de futebol, aos fins-de-semana, defrontava equipas das redondezas

A gestão cuidada do orçamento próprio permitiu deixar, quando saímos (quatro meses depois), um fundo de maneio.

Neste período, recebemos uma delegação de altas individualidades alemãs e altas patentes da FAP, além de visitas avulsas de inspectores alemães, em que a Bandeira Nacional se revelou de grande utilidade...

Em resumo: fez-se cumprir a lei, estabeleceram-se regras de boa vizinhança (inclusive com o Regimento de Infantaria de Beja) e lembrou-se que na "Base dos alemães" quem mandava era a tropa portuguesa, a Polícia Aérea.

Fui, como Alf Mil PA, o Cmdt desse 1.º Pelotão PA estacionado na Base Aérea conhecida por "Base de Beja" que mais tarde veio a ser denominada BA 11 e como tal gostaria de ver registado nos antecedentes da actual estrutura.

Aproveito para informar que pouco tempo depois de aqui ter saído passei à disponibilidade na Base do Montijo. Tinha, então, cumprido dois anos de serviço militar obrigatório iniciado, como soldado-cadete, no Regimento de Lanceiros 2, onde tirei o curso PM, a que se seguiu, por oferecimento, a PA na BA3 (Tancos) e a BA4 (Açores). Voltei mais tarde ao serviço, também como voluntário, no EMGFA, até 30/4/1974.

 

 

 

Artigo enviado pelo próprio ao CAP/PA Filipe, pelo que agradecemos a sua disponibilização para publicação na nossa página. (aguardamos futuros contributos)

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